domingo, 1 de maio de 2016

Festa, susto, virada e vaga na final

Teve um tudo um pouco no Estádio Gigante do Norte na noite de sábado (30). Começou com muita festa da torcida, em especial a organizada Galo Doido, uma hora antes de a bola rolar; passou pelo susto de ver o adversário abrir o placar com 3 minutos de jogos; virou drama com o empate que não chegou ainda no primeiro tempo; tornou-se alívio com um golaço de fora de área; veio a festa com a virada; e teve explosão de felicidade com a vitória garantida.
Torcida fez festa após classificação à final

Pelo menos 5.619 torcedores acompanharam a partida diante do Araguaia, válida pela semifinal do Campeonato Mato-grossense 2016. Com melhor campanha em todo o Estadual, o Sinop teve o direito de fazer o jogo único em seu estádio. Ao mesmo tempo que isso parecia vantagem, tornava-se sensível o fato de que qualquer vacilo poderia custar todo o planejamento feito até então.
Com bola rolando, o Sinop foi para cima logo de costume. Com um minuto, obrigou o goleiro Amaral a trabalhar e ceder escanteios. Entretanto, em rápido contra-ataque, Cabralzinho foi lançado na área e apenas deu um tapa por cima do goleiro Naldo, que nada pode fazer. Aquele parecia um banho de água fria em todos os presentes, mas mesmo assim a torcida não desanimou e continuou empurrando.
Apesar do baque, o Galo seguiu ofensivo, mas esbarrava em uma defesa sólida, composta de zagueiros altos, que ganhavam todas as disputas em cruzamentos. Os atacantes Abner e Cleberson até se mexiam, mas não conseguiam superar a defesa do Araguaia.
Veio o segundo tempo e a renovação da esperança por uma classificação. O técnico Marcos Birigui trocou Ferrugem por Anderson Moranguinho e Calado por Gabriel. Aos 27 minutos, Baggio roubou bem a bola quase no meio campo, deu poucos passos e arriscou, de muito longe. A bola viajou, e naquele trajeto que parecia interminável ela morreu na rede. Um golaço! Era o empate do Sinop, para alívio de todos no Gigante.
Mais de 5,6 mil torcedores presentes no Gigante do Norte
Veio à tona o cansaço do rival, que tinha até aquele momento a missão de segurar o placar conquistado no primeiro tempo. Porém, se não conseguia segurar o Sinop na bola, apelava para as faltas. E foi em uma delas, aos 36, que Gabriel mandou para a área. O goleiro Amaral, que até então fazia um jogo seguro, bateu roupa. A bola sobrou bem na sua frente, indo em direção ao zagueiro Matheus Lima, que apenas escorou para as redes, virando o placar para o Galo.
Aos 46, o Araguaia provou do próprio veneno. Se no primeiro tempo abriu o placar em um contra-ataque, a necessidade de buscar o empate e levar a decisão para os pênaltis deixou brechas na defesa. Em lance rápido, com a defesa desarmada, Abner arrancou pela esquerda e cruzou no meio da área. Cleberson veio de carrinho e precisou chutar duas vezes para ver a bola estufar as redes. Foi o sétimo gol do artilheiro do Sinop no Estadual.
A bola até voltou a rolar, mas a essa altura o Araguaia não tinha mais condições de buscar nada. E o jogo terminou, com muita festa da torcida, que viu o Sinop voltar a uma decisão de Estadual depois de 16 anos. A presença na Série D já está confirmada, e ainda há possibilidade de a Federação Mato-Grossense (FMFMT) indicar o clube à Copa Verde do ano que vem, bem como assegurar uma vaga na Copa do Brasil 2017.

Cuiabá e o trauma do “ense”

Você acredita em superstições? Faz questão de acordar com o pé direito, ou faz algum ritual para que tenha um bom dia? Pois é, tem time aqui no estado ficando de olho em certas coincidências tenebrosas. Isso acontece com o Cuiabá, que tem tido dores de cabeça nesta temporada com clubes que terminam com “ense”. Até agora, foram duas eliminações para clubes “ense”, e a terceira pode vir neste domingo (1º).
Para inteirar o leitor, comecemos lá em janeiro. Com a proximidade do Estadual, o Cuiabá se preparava para uma temporada cheia, em que a equipe disputaria cinco torneios ao longo do ano, um recorde na história de pouco mais de 10 anos do clube. Tudo bem que os dois torneios mais importantes ainda não começaram – Série C do Campeonato Brasileiro e uma inédita participação internacional na Copa Sul-Americana.
Aparecidense impediu chance do bi na Copa Verde
Cuiabá parou na Juazeirense pela Copa do Brasil
Aí começou o Estadual, o Cuiabá atropelou vários adversários, permaneceu invicto – e sem levar gols – por oito jogos, até ser superado pelo Dom Bosco. Depois vieram derrotas para o Sinop e União Rondonópolis. Mas as mais sentidas foram para os tais “enses”.
Nas quartas de final da Copa Verde, o Dourado foi superado em casa pela Associação Atlética Aparecidense, de Aparecida de Goiânia. Em plena Arena Pantanal, derrota por 3 a 1, que fez o 1 a 0 favorável na casa do adversário ser insuficiente para evitar a eliminação e o fim do sonho do bi da competição regional.
Logo em seguida, outro “ense” no meio do caminho. A Sociedade Desportiva Juazeir...ense, de Juazeiro/BA, venceu o Cuiabá na partida de ida pela primeira fase da Copa do Brasil por 1 a 0. O Dourado até devolveu o placar nesta última quarta-feira, mas nos pênaltis os baianos garantiram a vaga e eliminaram precocemente os mato-grossense.
Agora, pelo Campeonato Mato-grossense (termina em “ense”, seria um bom sinal?), o Cuiabá visita o Luverd...ense! Isso mesmo. Após ser eliminado por Aparecidense e Juazeirense, seria a vez da equipe de Lucas do Rio Verde dar mais um vexame à torcida da Capital?
Como ficou em segundo lugar no Grupo D, atrás do Sinop, o Cuiabá terá que jogar no Estádio Passo das Emas, em partida única, pela semifinal do Estadual. Quem vencer, vai para a final.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

A Seleção não tem mais identidade

Na boa? A Seleção Brasileira parou no tempo. Não tem mais craques como antigamente e o que se vê hoje é apenas uma vitrine para empresários. Sim, meia dúzia de jogadores boca-de-porco que não conseguem trocar três passes limpos, no pé do companheiro, mas que estão desfilando nos melhores times da Europa hoje. Como isso é possível, meu Deus do céu?
Há algum tempo eu mantive uma coluna de esportes no Diário Regional, mas cansei ao perceber que a maioria dos textos era criticando algo ou alguém. Até me perguntaram se eu só via o lado ruim da situação. Não, simplesmente aquilo que me vinha na cabeça era o que eu escrevia. Hoje, mantenho-me mais atento ao cotidiano de Sinop e região focado na função de editor-chefe do que atiçado a escrever artigos. Entretanto, depois do que vi sábado, me revoltei novamente.
Brasil foi eliminado para o Paraguai nos pênaltis
O Brasil foi eliminado da Copa América. Novamente, para o mesmo adversário (Paraguai), na mesma fase (quartas de final) e da mesma forma (nos pênaltis). Logo em seguida, vi que o mesmo babaca que errou um pênalti, aquele tal de Douglas Costa, já está sendo cogitado no Bayern de Munique. No poderoso Bayern. Ah, não, gente, pelo amor. Aquilo lá vai jogar no melhor time da Alemanha? De verdade? Não foi porque ele errou a cobrança, mas é porque ele é ruim mesmo. Ruim. Fez só um gol na competição, contra o Peru, e ainda quase errou – o goleiro peruano veio na voadora e quase salvou aquela bola, que passou por cima de sua perna por milímetros. Então não venham dizer que o cara é bom de bola porque não é, e nunca será. É um mero enganador como Roberto Firmino, Willian, entre outros.
Esse Willian, por sinal, ganhou a alcunha de ‘craque da seleção’ após a palhaçada armada pelo Neymar e seu desligamento do time. Este, na verdade, é a única estrela, única referência. Porém, o estrelismo voltou a controlar seus impulsos e a braçadeira de capitão (acredita Neymar) o torna imortal. Quase um Aquiles, cuja fragilidade – o calcanhar – lhe custou a vida.
Alguns vão dizer que estou aproveitando a eliminação para descer a lenha, mas algumas situações já eram visíveis desde a estreia. Em nenhum momento o Brasil foi unanimidade. Venceu por 2 a 1 Peru (já nos acréscimos da partida) e Venezuela (levando sufoco até o final) e perdeu da Colômbia, sem demonstrar a mínima reação. Contra o Paraguai, caiu de rendimento no segundo tempo, sofreu o empate e foi derrotado nas penalidades. Em comum, em todas as partidas, a falta de liderança, de brio, de vibração.
O técnico Dunga perdido nas substituições, demonstrando nas entrevistas coletivas mais o sentimento de defesa aos jogadores do que dividindo a responsabilidade com os mesmos – após a eliminação chegou a afirmar que uma virose teria atingido alguns atletas, o que impactou no rendimento nos treinamentos e dentro de campo. Virose, gripe? Acho que o Brasil tá infectado com o vírus da mesmice. O mesmo futebolzinho sem vergonha que jogou na Copa do Mundo o torna do mesmo nível de seleções como Suíça, Gana, Áustria. Ganhou importantes amistosos nos últimos tempos, o que não significa estar preparado para a disputa mais acirrada que vem pela frente: as eliminatórias.
Não tem mais bobo no futebol. A frase é velha, mas cada vez mais contundente. Na América do Sul a coisa será ferrenha. Além dos tradicionais Argentina e Uruguai, o Paraguai ressurgiu após péssima campanha na eliminatória passada, o Chile vem com sua melhor seleção da história, a Colômbia encontrou sua base e o Equador também promete complicar. Além disso, Peru e Bolívia assustam na altitude, enquanto a Venezuela já não é mais o saco de pancadas de outrora, e vem ganhando ano após ano o respeito dos rivais.
Sou do tempo em que tínhamos um goleiro de verdade, como Taffarel, Marcos e Dida; bons laterais, com personalidade, como Cafu e Roberto Carlos; xerifes do porte de Lúcio e Roque Júnior; cabeças de área como Dunga e Mauro Silva; meias criativos como Djalminha, Kaká, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho; e atacantes que desconcertavam qualquer esquema, como Bebeto, Romário, Ronaldo e Adriano. E o que sobra hoje? Perebas como Fernandinho, Elias, Firmino, Willian, e enganadores como Éverton Ribeiro, Phillipe Coutinho, Daniel Alves, David Luiz e Thiago Silva.
Se sempre tivemos, pelo menos, dois ou três ótimos nomes no elenco, hoje Dunga não tem muitas opções. A última safra que revelou “estrelas” não vingou. Dela fazem parte Alexandre Pato, Paulo Henrique Ganso e cia., que têm momentos de lampejo, mas nada que crave seus nomes na história do futebol. Ahh, que falta fazem os craques...
Assim, a seleção de hoje, completamente sem identidade, se torna comum perante as potências. Vejo um futuro em curto prazo sombrio para a Seleção Brasileira. E que uma safra renovadora venha o quanto antes para substituir esse bando de pão-com-ovo de hoje em dia.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Copa 2014: sete seleções podem garantir vaga hoje



Portugal, de Cristiano Ronaldo, deve ir para repescagem
As eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014, que será disputada no Brasil, estão em sua reta final. Europa (UEFA), América do Norte e Central (Concacaf) e América do Sul (Conmebol) terão sua última rodada disputada nesta terça-feira (15), onde mais seis seleções podem garantir suas vagas, juntando-se às 14 já classificadas.
No continente europeu, Rússia (fora contra o Azerbaijão) e Espanha (que pega em casa a Géorgia) precisam apenas de um empate para ficar em primeiro lugar, respectivamente, nos Grupos F e I. Líderes dos Grupos G e H, Bósnia e Inglaterra precisam apenas vencer para não depender de outros resultados. No caso do país dos Bálcãs, os 22 pontos que conquistou nas nove rodadas são os mesmos da Grécia, mas com saldo positivo de 23 gols, os bósnios só ficam fora Copa se as duas seleções vencerem e os gregos (com saldo positivo de seis) tirarem a diferença de 17 contra Liechtenstein. A Bósnia chega ao seu primeiro Mundial se derrotar a Lituânia, fora de casa.

Quem está em situação complicada é Portugal. O empate em casa contra Israel aumentou a diferença para a líder Rússia em três pontos. Para garantir a vaga direta, sem repescagem, a equipe de Cristiano Ronaldo deve golear Luxemburgo, torcendo por uma improvável derrota russa, e ainda descontar uma diferença de sete gols no saldo. A preparação do técnico Paulo Bento parece mesmo ser para o mata-mata.

Américas – Na Concacaf, quase tudo definido. Com 14 pontos, Honduras é hoje a terceira colocada, que garantiria a última vaga automática. Jogando contra a já eliminada Jamaica fora de casa, a seleção hondurenha precisa apenas de um empate para disputar sua segunda Copa consecutiva e a terceira de sua história.
O único que pode superá-la é o México, que fez campanha irregular – 11 pontos – e chega à última rodada precisando vencer a Costa Rica, fora de casa, e torcer por uma derrota dos hondurenhos. Além disso, pesa para a seleção mexicana o saldo negativo de um, e positivo de um para Honduras.
Empate entre Equador e Chile garante ambos na Copa
Terceiro colocado na Copa de 2010, o Uruguai acumulou tropeços e chega à 16ª rodada conformado com a quinta posição na América do Sul e a disputa na repescagem contra o quinto da Ásia (Jordânia). Com Argentina e Colômbia já garantidos, o time de Diego Forlán, Luis Suárez e Cavani tem 22 pontos, três a menos que Equador e Chile, terceiro e quarto colocados, respectivamente. O problema para os uruguaios é que essas duas seleções se enfrentam no Estádio Nacional, em Santiago. Como um empate garante ambos, uma vitória sobre a Argentina no Estádio Centenário de nada deve servir. Caso isso aconteça, e o confronto entre chilenos e equatorianos tenha um vencedor, a definição vai para o saldo de gols – e nem isso ajuda a Celeste Olímpica: saldo de -1, contra +5 do Equador o +3 do Chile.

África – No continente africano os cinco classificados saem dos confrontos mata-mata, que teve quatro dos cinco jogos de ida disputados neste fim de semana – Etiópia 1x2 Nigéria, Burkina Faso 3x2 Argélia, Costa do Marfim 3x1 Senegal e Tunísia 0x0 Camarões –, além de Gana x Egito, que jogam hoje (15). As partidas de volta serão disputadas entre 16 e 19 de novembro.

Classificados - Sem a necessidade de disputar as eliminatórias por ser o país-sede, o Brasil foi o primeiro a garantir sua vaga para a Copa 2014. Também já carimbaram seu passaporte Argentina, Colômbia, Alemanha, Bélgica, Holanda, Itália, Suíça, Austrália, Coreia do Sul, Irã, Japão, Costa Rica e Estados Unidos.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Band não deve mais transmitir Fórmula Indy

Tony Kanaan vence 500 Milhas de Indianápolis
Os amantes da velocidade estão tristes, chateados, frustrados e muitos outros adjetivos terminados em “ado”. O motivo: a TV Bandeirantes anunciou que não vai mais transmitir a Fórmula Indy, opção para aqueles que não têm mais prazer em acompanhar os (poucos) duelos da Fórmula 1. Agora, para acompanhar a categoria, somente por TV a cabo.

De acordo com o colunista Flávio Ricco, a emissora espera apenas o término da atual temporada para anunciar sua retirada da categoria – e em definitivo. Os primeiros indícios começaram há cerca de um mês, quando já se discutia a possibilidade, inclusive, da não realização da São Paulo Indy 300 (a Band é a principal entusiasta). Até agora, nenhum contrato foi assinado e nenhuma decisão tomada sobre o assunto. Na emissora, a ordem é ‘enxugar’ e reduzir gastos. Antecipadamente se sabe que sem garantias comerciais não haverá corrida.

Na primeira edição, em 2010, a Prefeitura de São Paulo entrou com força no projeto para garantir a realização do evento. Agora, com as reformas em Interlagos, o investimento na prova do Anhembi (que corta o Sambódromo) pode diminuir. É provável que, caso a Band deixe de transmitir a categoria em 2014, a prova na capital paulista também não terá mais o pesado investimento da emissora. Dessa forma, outras empresas dificilmente se interessariam em patrocinar e garantir a prova. O contrato da prova é até 2019.

O certo é que há algum tempo a emissora não vem levando a sério a categoria. Pelo menos sob a ótica dos fãs. Em maio, a Band teria ‘boicotado’ a comemoração da vitória do brasileiro Tony Kanaan nas 500 milhas de Indianápolis, para a exibição de uma partida do Campeonato Brasileiro. Na oportunidade, a rede tentou conciliar a transmissão dos dois eventos, mas a edição da corrida gerou irritação em muitos telespectadores que se manifestaram no Facebook e principalmente Twitter. A prova terminou em bandeira amarela, fazendo com que a direção optasse por transmitir o início da partida entre Ponte Preta e São Paulo. Mesmo alegando ter mostrado a bandeira quadriculada e os momentos pós-corrido, a Band é acusada pelos internautas de não transmitir o pódio de Kanaan e o famoso brinde com leite. A insatisfação foi geral e os internautas começaram a postar vídeos do Youtube para quem não conseguiu ver a comemoração do piloto.

A TV aberta, que chegou a ter três categorias de velocidade sendo transmitidas, deve oferecer apenas uma a partir do ano que vem. Entre 1996 e 1999, os fãs da velocidade tinham como opções a Fórmula 1, pela Globo, Fórmula Mundial (antiga CART), pelo SBT, e Fórmula Indy (IRL), pela Band. Agora, sobrou acompanhar aos domingos de manhã as disputas (um tanto monótonas) da F1 pela emissora carioca. Os ‘pegas’, ultrapassagens e batidas nos circuitos ovais da Indy, somente para desembolsar e pagar TV por assinatura.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Mais uma CPI foi para o ralo


Manifestantes invadiram Câmara dos Deputados
Desde criança acompanhei telejornais. Ouvia as notícias da minha cidade, do país e do mundo. Os jornais impressos folheava à procura do caderno de Esportes. Mas nunca deixei de ler os demais conteúdos. Porém, mesmo para uma criança de oito, nove anos, a repulsa pela editoria de Política sempre foi grande. Até o caderno de Economia, com os jargões utilizados pelos jornalistas e economistas para explicar a alta do dólar, a inflação, a influência da reeleição do presidente Bill Clinton nos Estados Unidos.

Para uma criança, que ainda nem imaginava entrar no fantástico círculo do Jornalismo, queria entender o que era Política, quais eram os cargos que os candidatos disputavam quando apareciam na propaganda eleitoral gratuita e que faziam de verdade. Talvez a repulsa em ler tais notícias nada tinha a ver com quem escrevia, mas sobre quem era escrito.

Uma definição para Política é “pertencente aos cidadãos”. E pertence mesmo aos cidadãos? Não responderei, sim e não são duas respostas que não cabem a essa análise. Serve como reflexão, sobre o que nós, enquanto cidadãos, fazemos para pertencer, de fato, a um sistema tido como democrático, onde a política realmente seja nossa arma para nosso próprio crescimento e sobrevivência. Infelizmente, a Política hoje é ligada à corrupção. As duas palavras parecem quase sinônimas na boca do povo. É difícil discernir uma da outra. Quando a segunda aparece, em 99% dos casos está associada à primeira. A credibilidade do assunto vai por água abaixo quando o desinteresse popular é maior que a necessidade de mudanças. Refiro-me ao momento das eleições, das urnas, quando xingamos os políticos que pedem votos, mas os reelegemos. Contraditório isso, não?

Para completar a minha cada vez maior descrença com a política e com o político, leio que o nosso “íntegro” senador (eleito pelo povo) e ex-governador de Mato Grosso (eleito pelo povo), Jayme Campos, foi um dos responsáveis pela queda da CPI da Copa do Mundo. A investigação simplesmente foi pelo ralo. Um dos objetivos dessa CPI era apurar denúncias de superfaturamento nas obras de construção dos estádios da Copa. Alguns projetos já dobraram o proposto no orçamento inicial. A título de comparação, é similar ao planejamento familiar: você sabe que tem contas fixas a pagar, como aluguel ou prestação da casa, escola das crianças, IPVA, seguro do automóvel, água, luz. E mesmo assim esquece de acrescentar itens importantes, como combustível, compras do supermercado, vestuário e demais situações imprevisíveis ao cotidiano. Resumindo: sabe-se que vai gastar mais, mas mascara-se a fim de demonstrar que não há gastos exorbitantes. No caso da política, é difícil dizer se realmente todo o dinheiro empregado, principalmente na construção de obras para o Mundial, foi insuficiente. Talvez o fosse, mas aí há o envolvimento político no meio... bem, minha descrença e meu sexto sentido indicam que boa parte das verbas são desviadas para outros fins. Difícil é precisar qual é exatamente a rota, o caminho seguido.

Fico novamente consternado em ver que os políticos, mais uma vez, se beneficiam e se livram de ser investigados a partir do momento que impedem o nascimento de uma CPI, como seria o caso desta sobre a Copa de 2014. Pura blindagem dos nobres parlamentares. Enquanto isso, outro caso na política termina em pizza. Bom apetite.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

O gigante adormeceu?



Manifestantes tomaram a Esplanada; Governo se assustou
O mês de junho foi diferente para o Brasil. A mídia mostrou o que acontecia nos quatro cantos do território nacional. A sequência de manifestos vistos nas ruas chamou a atenção popular, que se sentiu no dever de fazer parte dessa massa. Porém, o ímpeto demonstrado, de repente, esfriou. Teria o gigante adormecido?
Para tentar buscar uma resposta para essa pergunta vamos voltar ao olho do furacão. Naquele mês, a Prefeitura de São Paulo anunciou o aumento de R$ 0,20 na tarifa do transporte público urbano. A passagem passaria de R$ 3 para R$ 3,20. A população da capital paulista ficou irada com a decisão e começou a promover protestos nas ruas. De início, desorganizados, espaçados, mas com o tempo tomaram grandes proporções. A frequência, organização e, principalmente, a participação de tantos (afetados ou não pelo aumento da tarifa) nos manifestos animaram não só paulistas, mas também gaúchos, cariocas, mineiros. Em Brasília, a população invadiu a Esplanada. As cenas registradas assustaram os poderes. Até onde iria essa onda? As médias e pequenas cidades também se reuniram para cobras as autoridades. Sinop, por exemplo, registrou no dia 21 de junho mais de seis mil pessoas as ruas para, além de apoiar os manifestos nacionais, cobrar mudanças dos gestores locais e melhorias nas áreas defasadas. As reivindicações passaram a ser de caráter local.
Antes disso, no dia 15 de junho, data da abertura oficial da Copa das Confederações, na capital federal, a presidente Dilma Rousseff e até o presidente da Fifa, Joseph Blatter, foram vaiados durante os pronunciamentos antes do jogo entre Brasil e Japão. Blatter, que ficaria no país por mais alguns dias, foi embora “assustado com o que estava vendo”. A cena foi mostrada para mais de 180 países. As câmeras do mundo todo, voltadas para o torneio, registravam também os movimentos populares.
Porém, logo após a Seleção vencer a final contra a Espanha por 3 a 0, e a maioria das câmeras estrangeiras partir daqui, a onda diminuiu. As imagens do país em protesto, que iam para o exterior, pararam de ser exibidas, e as manifestações cessaram. Algumas poucas conquistas puderam ser notadas, mas o movimento esfriou. Naquele momento, criou-se a impressão de que os brasileiros havia, finalmente, despertado para o que acontece à sua volta – a tudo aquilo que lhe afeta direta e indiretamente. Como muito foi dito e clamado, o “gigante despertou”. Entretanto, a situação voltou ao normal.
Se a onda de manifestos cessou (ou ao menos reduziu, ocorrendo em algumas regiões do país, como o Rio de Janeiro, que recebe até domingo a Jornada Mundial da Juventude, que conta com a participação do papa Francisco), será que podemos considerar que tudo o que foi visto e vivido serviu para alguma coisa? A revolta serviu para “ativar o sensor” contra a corrupção, despertar o interesse econômico e social do país? O gigante adormeceu? Esperamos que não.